quando falamos que ter um perfil em alguma rede social é uma tentativa ligeiramente frustrada de se sentir menos sozinho é tudo graças ao algoritmo.
você pode até não saber - ou fingir que não 🤷 - mas existe quase que um treinamento militar rolando por trás de cada curtida, comentário e repost seu para que a sua rede social favorita te entregue mais e mais do tipo de conteúdo que você gosta.
afinal, é isso que cria o senso de comunidade! você mostrou quem você é para o algoritmo e ele te apresentou diversos outros users que pensam, falam, sentem e são bem parecidos com você.
mas, se por um lado é o algoritmo que tanto sustenta o sucesso das redes, é ele o agente capaz de criar um ambiente nada seguro e ser o tendão de aquiles das big techs que apostam em conectividade como produto.
vamos falar sobre o (não tão) abençoado algoritmo?! 👇
é bem provável que você já tenha visto um zilhão de bafafás envolvendo o algoritmo, desde questões raciais até a valorização e aumento de entrega de outros conteúdos igualmente criminosos.
mas, respeitando o direcional de conteúdo da walkie, nós vamos falar sob uma perspectiva muito mais mercadológica, b2b, cujo plano de fundo é o lançamento - também polêmico - das novas features do Instagram.
e com vocês 🥁… mais uma cópia do TikTok
não sei você, mas por aqui já não é novidade nenhuma quando o Instagram lança features que se assemelham ao TikTok e, é claro que esse lançamento caminha nessa direção.
o Instagram te apresenta o “Reposts” - muita pompa para falar sobre algo que já é bem comum para mim e para você rsrs. o lançamento é exatamente o que esperamos do IG nessa nova era: um “update” com ar de novidade, embalagem de novidade e anúncio de novidade mas que, na verdade, é um dos musts de toda rede social decente.
a iniciativa veio como um alternativa mais duradoura para os reposts que iam para os stories e ficavam no ar apenas pelas 24 horas propostas. dessa forma, criamos uma lógica de feed de reposts bem similar ao que já acontece no TikTok - e também no Facebook, LinkedIn e, principalmente, Twitter, com os retweets (sim, nós ainda nos recusamos a atualizar o nome, afinal, ninguém quer perder todos os derivados linguísticos da rede do passarinho).
e quando pensamos que as redes sociais são alimentadas pela escalabilidade - ou seja, elas são claramente feitas para atingir o máximo de usuários possíveis -, essa é a chance dos creators de conversarem com mais pessoas e cada vez mais qualificadas.
uma das defesas para a criação da ferramenta é que, assim, o algoritmo entende melhor o que é um conteúdo de qualidade, que agradará e será útil para outros usuários. a lógica ganha força ao pensarmos que você só adicionaria um conteúdo ao seu feed de forma “permanente” - por assim dizer, já que sabemos que ele pode ser apagado ou “despublicado” a qualquer momento - se ele realmente fosse relevante.
mas aí, surge o tópico de hoje: apesar da capacidade do algoritmo, ele ainda é uma consequência humana, feita por humanos, usada por humanos e que repete sim os nossos comportamentos. ou seja, passível de erros e nem tão benéfico assim para a saúde das redes e de seus usuários.
se antes ganhavamos privacidade, hoje em dia perdemos mais e mais e mais…
redes sociais são feitas para usuários ou para negócios?
quando analisamos o crescimento do Instagram através das suas atualizações, fica claro que nem todo lançamento é resultado de um social listening apurado e nem atende as dores, principais reclamações ou sugestões dos seus usuários.
a título de exemplo: o lançamento de outra ferramenta, em conjunto com o repost, do chamado Friends Map ou Instagram Map, que permite compartilhar a sua última localização com seguidores mútuos, close friends ou lista personalizada.
atendendo a um pedido de zero pessoas, a funcionalidade gerou mais desconforto do que aceitação, já que coloca em xeque a segurança e privacidade de muitos usuários. é óbvio que a plataforma deixou claro a opção de opt-in para ativar o recurso, além de controle parental para proteger o uso dos adolescentes.
mas, o que isso tem a ver com o algoritmo, no final das contas?!
apesar das limitações impostas pela plataforma, não podemos negar que a feature seria um prato cheio para o trackeamento de informações e comportamento de usuários por parte de marcas e negócios.
o conteúdo compartilhado pode ser explorado de forma geolocalizada, garantindo um entendimento maior das empresas de quais são os principais locais de interesse nos temas ofertados por eles, o que refinaria, por exemplo, a criação de campanhas segmentadas por localização
mas, enquanto de um lado temos anúncios mais assertivos, capazes de conversar com o target correto e, por consequência, converter mais e melhor, do outro nos deparamos com um ultrapassar da linha da invasão de privacidade.
indo mais além, alguns desses lançamentos só evidenciam a que a linha entre realidade e o digital está ficando cada vez mais nublada e o que antes era uma oportunidade para negócios, pode se transformar em um tiro no pé e a gente te explica o porquê ➡ ️.
is the algorithm playing on your side? 🎮
no fim, fica claro que o algoritmo e as redes sociais jogam, na maior parte do tempo, no time das marcas - mas esquecem que a engrenagem só gira porque nós, usuários, continuamos ali, clicando, rolando e consumindo.
quando as plataformas priorizam demais as necessidades comerciais e negligenciam a experiência real das pessoas, correm o risco de minar a confiança e a percepção positiva das próprias marcas favorecidas. principalmente com a adição do recurso de localização que coloca a nossa segurança e integridade física no centro das movimentações.
além disso, convenhamos, um feed saturado de “movimentos calculados” para agradar empresas pode acabar afastando a atenção que elas mais desejam: a nossa.
é nesse lugar que voltamos a uma antiga máxima do marketing moderno: a produção de conteúdo.
as marcas, muito mais que vendedoras - através de ferramentas de anúncio -, precisam estabelecer conexões com o seu público através de um conteúdo que tenha como objetivo principal encantar, uma etapa anterior da conversão, que alimente e nutra seu target para isso.
é o entender que marcas são, sim, produtoras de conteúdo e que elas devem criar de forma que se encaixem na vida dos seus seguidores e não apenas como uma interferência comercial em seus feeds. fica a reflexão 🤔.
câmbio, desligo.